"Britney Spears traz ao Rio turnê do álbum 'Femme Fatale' mostrando uma cantora que não canta"
A crítica ofendeu barbaramente os fãs da cantora, principalmente por insinuações preconceituosas e ofensivas. Rapidamente, o caos já estava feito. A jornalista foi atacada no Twitter e no Facebook e rapidamente #CalaABocaOGlobo se tornou uma das tags mais comentadas. A seguir a crítica completa, destacada:
Quando Britney Spears subir ao palco da Praça da Apoteose no dia 15 de novembro, abrindo a etapa sul-americana da turnê "Femme fatale", a plateia pode esperar vê-la nas versões espiã, dominatrix, Marilyn Monroe, Cleópatra, dançando numa gaiola e até içada no ar com asas coladas às costas. A superprodução montada pela loura de 29 anos para promover seu sétimo álbum vem lotando ginásios nos Estados Unidos, como aconteceu na arena Izod, em Nova Jersey, na última sexta-feira. Até o fim do mês ela ainda vai passar por mais 11 cidades dos EUA e do Canadá.
Tanto investimento na produção não esconde as falhas já conhecidas de Britney, a "cantora praticamente ausente", na definição do crítico de música Jon Pareles, do "New York Times", que fez a avaliação da apresentação dela em Long Island, Nova York, também na semana passada. No show, que mistura hits antigos com os novos sucessos de "Femme fatale", como "Hold it against me" e "Till the word ends", Britney Spears se ampara totalmente no playback, fazendo pouco por merecer o título de cantora. Ela tampouco interage com músicos de verdade: sua banda se resume a dois homens que operam sintetizadores.
As músicas são dançantes, e a plateia, uma multidão de meninas de cabelo de chapinha e roupas extravagantes, passa a noite de pé, acompanhando o ritmo. Até os gays estão maquiados e chacoalham perucas coloridas. Mas falta carisma a Britney, que segue uma coreografia exageradamente marcada, e muitas vezes some diante da maior presença de palco de alguns dançarinos que a acompanham.
Em uma das sequências que mais empolgam a plateia, em "How I roll" e "Leather and lace", uma réplica de um Mini Cooper cor-de-rosa é introduzido no palco. Britney descola um voluntário do sexo masculino - um dos cinco ou seis homens heterossexuais entre 15 mil pessoas, já contando os pais divorciados acompanhando suas crias - que é algemado e levado por ela até o backstage, depois de uma cena de lap dance.
Na sequência, em "If you seek Amy", Britney é travestida de Marilyn e cercada por paparazzi. O esforço para construir uma imagem sensual é grande, e a loura aparece diversas vezes em trajes reduzidos, sempre arrancando gritinhos da plateia. Mas, para quem já viu Madonna, a rainha do pop, no palco, Britney Spears continua uma iniciante, com 13 anos de carreira.
Depois de ocupar muito espaço na mídia com uma vida pessoal conturbada, Britney é agora mãe de dois filhos, que leva para passear e tomar sorvete na região de Nova York. Ela tem se esforçado para recuperar a silhueta esbelta, mas durante o show fica claro que falta pique para manter o ritmo da apresentação de duas horas e meia.
Não é certo ainda se todos os recursos cênicos vistos nos EUA estarão na etapa sul-americana, mas não há pirotecnia que esconda o fato de que está faltando gás a Britney Spears. Uma sequência de 49 shows em três continentes, em pouco mais de três meses, será um desafio à resistência física da cantora.
Na saída do show de Nova Jersey, um aspecto negativo da organização fez pensar na temporada brasileira: embora a arena Izod faça parte do complexo esportivo de New Meadowlands, em East Rutherford (NJ), servido por uma estação de trem na sua porta, o serviço de transporte ferroviário não estava funcionando naquela noite. Resultado: mais de uma hora de fila para o ônibus até a estação seguinte.
A venda de ingressos para os shows de Britney Spears na Apoteose (dia 15 de novembro) e na Arena Anhembi (dia 18) começa no próximo dia 29.
Após ser bombardeada com palavrões, mensagens e comentários agressivos, a jornalista escreveu um pedido de desculpas aos fãs da cantora que se sentiram ofendidos, novamente destacado:
Mesmo assim, parece que os BFãs continuam ofendidos e irritados, principalmente sobre a clara insinuação de que os fãs da cantora são, em maioria, gays.
Diga não ao preconceito.
Lute pelos seus direitos.
Beijos, Mari.
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